Sigmund Freud
Carregamos nas costas um medo que nos acompanha desde criança, quando
ouvimos falar sobre uma palavra que muda todas as coisas, faz homens e
mulheres viverem juntos até a morte e em muitos casos fazem a morte
chegar antecipadamente, é, palavra forte e com efeitos mais fortes
ainda.
E quem ainda duvidou? Duvidou das coisas que só o amor faz? Carregamos
uma coisa forte que muita das vezes é um ponto de entrega, onde nos
damos e nos entregamos de braços. Óh braços fortes, óh amor, você que
promete tanto e nunca dar a metade da promessa, você que não cumpre seu
dever de fazer feliz. E porque insistimos tanto em uma coisa que faz
sofrer? Creio que crescemos envolvidos em contos infantis onde o amor é
solene, onde se ritualiza uma verdade infantilizada por olhos de
crianças que vêem o que é, não o que se sente. Talvez porque a criança
não se arrisca, não duvida, ela só se entrega, sem esperar resposta.
Esse é o erro do adulto! Sofrer por muito tempo e entregar as feridas
para o amor curar. Entenda, o amor não cura, ele causa a ferida. O amor
gosta do amor. Talvez eu tenha que parar agora e não falar mais do amor,
porque uma convicção de uma vida inteira pode ser mudada, e de uma
coisa eu tenho certeza o amor surpreende, ele é astuto, no mais, lindo.
Talvez eu tenha que ver a vida com meus olhos de criança e não apenas
tentar entender e sim se entregar, arriscado ou não, é isso o que se
precisa hoje em dia. Amar sem esperar, sem querer. Falar do amor é
difícil, porque só saberei falar de amor quando dentro de mim o orgulho e
a saudade não tomarem conta. Tão forte com uma fresta que se abre e
finda-se no escuro. Tão forte como a dor de uma dor. Tão forte como a
força que só a força tem. Tão lindo como olhos com reflexos de um céu
azul. Assumo. Não sei falar sobre o amor, não sei escrever sobre amor,
não sei tanto que por imaturidade assumo. Um dia conquistarei a promessa
e o verdadeiro sentido desta palavra, e quando esse dia chegar não
estarei aqui, porque pra mim o amor é forte ao ponto de nos levar para
um estágio diferente, uma vida diferente, um sonho talvez, não sei.
Desculpa a imprecisão, mas só o amor causa dúvida, só o amor me deixa
sem palavras, e lhes digo, também sem ar.
Saberei falar algum dia, algum dia enquanto o amor não for o que eu
quero que ele seja, e sim o que ele é. Até lá, enquanto eu inventar o
amor, ele não existe.
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