Durante os três compromissos da presidente Dilma Rousseff nesta quarta-feira (11), no Rio
de Janeiro, uma cena se repetiu e chamou a atenção: os aplausos para a
presidente e as vaias para o governador Sérgio Cabral e o prefeito
Eduardo Paes. Dilma anunciou o financiamento de R$ 2,5 bilhões para a
implantação da Linha 3 do metrô, que vai ligar o município de São
Gonçalo a Niterói. Na solenidade, Cabral foi vaiado intensamente durante
o seu discurso e disparou um comentário direcionado ao prefeito de São
Gonçalo, Neilton Mulin: “Apesar de o prefeito de São Gonçalo estar
organizando protestos contra o governo do Estado, estamos investindo
aqui". À tarde, em cerimônia no Estaleiro Inhaúma, no bairro do Caju,
Zona Portuária do Rio, mais aplausos para Dilma e fortes vaias para
Cabral.
O comportamento do público
nos eventos oficiais realizados na cidade nesta quarta (11) comprovam
os dados das últimas pesquisas, que apontam para o aumento da
popularidade da presidente Dilma e sua preferência frente aos supostos
candidatos nas próximas eleições. No sentido contrário, a popularidade
de Sérgio Cabral vem despencando com as inúmeras manifestações na
cidade, mas não atingiu a imagem da presidente no Estado, mesmo com o
apoio entre partidos.
Durante a cerimônia que marcou o início da operação do Terminal de GLP da Petrobras,
no estaleiro Inhaúma, Dilma teve que pedir aos operários da estatal
para se comportarem, mediante as contínuas vaias quando os nomes do
governador Cabral e do prefeito Eduardo Paes (PMDB) eram mencionados
pela presidente. “Vou pedir que vocês tenham um comportamento civilizado
e educado”, solicitou Dilma. Os funcionários também gritavam "Fora,
fora", se referindo aos governantes cariocas. Já a presidente foi
novamente elogiada e aplaudida e o nome do ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva foi festejado, especialmente quando os avanços na
industria naval foram citados no discurso presidencial. Dilma ressaltou
que a política adotada por Lula privilegiou as encomendas da Petrobras.
Na solenidade em São Gonçalo, a presidenta Dilma Rousseff assinou, na
manhã desta quarta-feira (11), um contrato com o governo do Estado do
Rio de financiamento para a implantação da Linha 3 do metrô. O
governador Sérgio Cabral, que participou do evento, foi vaiado durante
seu discurso, e rebateu: "Apesar de o prefeito de São Gonçalo estar
organizando protestos contra o governo do Estado, estamos investindo
aqui", disse, referindo-se a Neilton Mulim, do PR.
Em determinado momento de seu discurso, quando Cabral citou a ex-prefeita Aparecida Panisset referindo-se ao início do projeto
da construção da linha 3, novamente foi intensamente vaiado. O
ex-secretário de Obras de São Gonçalo e atual deputado estadual, Márcio
Panisset (PDT-RJ), também foi intensamente vaiado. "Neilton, você tem
que treinar sua turma para ser mais educada", ironizou Cabral, mais uma
vez se referindo ao atual prefeito.
Por sua vez, a presidenta Dilma reforçou em seu discurso a importância
da parceria entre os governos federal, do estado e prefeituras. "Na hora
de governar, tem que haver cooperação. O governo governa, não disputa.
Independentemente de partido, há o interesse da população", destacou.
A solenidade aconteceu no dia seguinte à aprovação na Alerj de projeto
de lei que veta o uso de máscaras em manifestações. Um grupo com cerca
de 10 integrantes ocupou a frente do Clube Mauá, em São Gonçalo, onde
aconteceu o evento, com faixas de protesto: "O povo tem que continuar
usando máscaras. Quem tem que tirar são os corruptos". Um dos
manifestantes, vestido de gorila, usou um megafone para gritar palavras
de ordem.
O governador Sérgio Cabral ressaltou em seu discurso a importância dos
investimentos em São Gonçalo, que segundo ele representou 70% total dos
votos do estado em favor da sua administração, somente no primeiro turno
das últimas eleições. Cabral, em meio às vaias, enumerou os feitos da
sua gestão direcionadas para a região, entre eles as cifras de milhões
investidos em um Posto do Poupa Tempo, mais um bilhão em rede de água e
esgoto e o Programa Renda Melhor, que atende a mais de 30 mil famílias
do município.
Ao citar a antiga parceria do governo estadual com a ex-prefeita
Aparecida Panisset (PDT), que trouxe melhorias para São Gonçalo, Cabral
foi novamente vaiado e deixou o palanque aos gritos dos manifestantes:
"União, União, tira o Cabral e o Pezão".
Mais Médicos
Durante o evento, Dilma destacou ainda do programa Mais Médicos,
enfatizando a importância de levar profissionais de saúde aos locais
mais carentes. "Em Ipanema e Leblon não faltam médicos, mas sabemos que
aqui falta", disse.
Ela destacou que criou o programa porque ouviu a demanda da população.
Em discurso, Dilma disse que é obrigação de um governo conhecer as
necessidades do povo.
“O governo não pode ser surdo. Um governo tem de ouvir muito. E, além de
ouvir, sabemos que o Brasil tem um problema sério na área da saúde. Por
isso, nós fizemos o Mais Médicos”, disse a presidenta. Ela foi
aplaudida ao final do seu discurso, e deixou o palanque ao som de "Olê,
olê, olá, Dilma, Dilma."
Dilma anuncia outras melhorias para o Rio
A presidente Dilma Rousseff abriu o seu discurso enfocando os avanços do
governo federal, como a diminuição do desequilíbrio social e os índices
de desemprego, que segundo ela são passos importantes. "Mas precisamos
avançar ainda mais, em direção a tudo que podemos ser", completou. Dilma
elogiou o capacidade que os governos estaduais têm de atuar em parceria
com as suas prefeituras e em sintonia com o governo federal. "No Rio, a
parceria foi vitoriosa e mudou a vida da população. O trabalho
combinado faz as coisas acontecerem e é o que o governo federal está
fazendo, é o que estamos fazendo aqui, estamos compartilhando com os
governadores e prefeitos, porque governo coopera e não disputa, como
pode naturalmente acontecer durante um período eleitoral. Eu sou
presidente de todos", disse Dilma.
Pela primeira vez em São Gonçalo, a presidente da República lembrou que a
visita dela aconteceu às vésperas do aniversário do município, 22 de
setembro, e trouxe para a população um presente significativo: a Linha 3
do metrô. Dilma garantiu que a segunda fase do empreendimento já é uma
realidade e vai chegar até o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro
(Comperj), localizado a poucos metros do Clube Mauá. A região
metropolitana de Niterói terá total atenção do governo federal, segundo
Dilma. Ela ressaltou três números que na sua avaliação representam os
investimentos destinados ao local: o tamanho do investimento na fase do
projeto, R$2,57 bilhões, que mostra o seu potencial produtivo; os 22
quilômetros de extensão da obra, que vai transformar a mobilidade urbana
em São Gonçalo, permitindo as pessoas que tenham acesso ao transporte
de primeiro mundo e as 1,8 mil pessoas que serão beneficiadas com o
projeto, ganhando mais tempo para ficar com suas famílias. "A mobilidade
urbana compõe aqueles cinco pactos que fiz com os governantes,
prefeitos, movimentos sociais e com o Congresso", disse.
Além da Linha 3, Dilma Rousseff anunciou também outras mudanças para a
cidade do Rio. O município de São Gonçalo vai ganhar também o sistema
viário, com corredor expresso, o município de Duque de Caxias será
beneficiado com um BRT, no trecho Gramacho e Imbariê e um VLT (Ve
ligando Santa Cruz da Serra e o Centro e mais a construção de corredores
expressos para os ônibus. Nova Iguaçu também está na lista de
investimentos e vai receber dois corredores expressos e as obras de
conclusão da sua via expressa, a Via Light, que liga a Baixada
Fluminense ao Rio.
Com relação à concepção de transporte no Brasil, Dilma disse que o país
"tinha um pensamento muito errado". Nas décadas de 80 e 90, existia a
teoria nacional de que o país não era grande o suficiente para investir
em transportes de primeiro mundo, como o metrô, monotrilho, BRT e VLT.
"A gente só tinha ônibus. Estamos correndo atrás do prejuízo e mudando
esse pensamento e aqui em São Gonçalo os avanços devem chegar logo,
porque é uma região de alto índice populacional e o erro deve ser
corrigido logo, antes que fique grande demais", comentou a presidente.
Obras
A Linha 3 do metrô vai ligar as cidades de São Gonçalo e Niterói, na
região metropolitana. O projeto custará mais de R$ 2 bilhões. A União
deverá arcar com dois terços desse total, enquanto o governo fluminense
será responsável pelo restante.
Inicialmente, a linha terá 14 estações distribuídas em 22 quilômetros e
que deverão receber 600 mil passageiros, reduzindo em 40 minutos o tempo
de travessia. Em um segundo momento, o trajeto deverá ser estendido até
o município de Itaboraí, onde está sendo construído o Complexo
Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), um projeto bilionário da
Petrobras. A nova linha, no sistema monotrilho, tem seu início de obras
previsto para dezembro, com termino em três anos.
O prefeito Neilton Mulim destacou que a obra da Linha 3 é um sonho
esperado e um marco para a melhoria da mobilidade urbana em São Gonçalo.
Os investimentos fazem parte do Plano de Mobilidade Urbana do governo
federal.
Pelas estimativas da prefeitura de São Gonçalo e da União, cerca de 70%
dos usuários da linha que vai ligar São Gonçalo a Niterói terão como
destino o Rio. A estação Araribóia será a maior do sistema e onde será
feita a integração, localizada estrategicamente ao lado do terminal das
Barcas de Niterói. No seu discurso, o prefeito Neilton destacou que esta
representará a maior integração intermodal do Brasil, sendo a
primeira composta por um terminal aquaviário.
As estações anunciadas no percurso da Linha 3 do Metrô são a Jansen de
Melo, Barreto, Neves, Vila Lage, Paraíso, Zé Garoto, Mauá, Antonina,
Trindade, Alcântara e Jardim Catarina.
Jornal do Brasil
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