Trotes representam 60% das ligações telefônicas feitas para a PM da Paraíba

A Polícia Militar da Paraíba recebe por mês cerca de 70 mil ligações telefônicas por meio do Centro Integrado de Operações Policiais (Ciop), o que representa uma média de 2.300 por dia. No entanto, 60% desse total são telefonemas com informações falsas ou 'brincadeiras', os chamados trotes. Os dados são de um levantamento feito pelo próprio Ciop.

O comandante do Ciop, major Marcos Benevides, afirma que essa prática atrapalha muito o trabalho da Polícia Militar. “Enquanto alguém gasta tempo no telefone enganando o telefonista, alguém que realmente tem uma denúncia para fazer tem que ficar na espera para que a linha desocupe”, ressalta.

O levantamento do Ciop aponta que apenas no mês de agosto foram registrados 42 mil ligações falsas. E o major Benevides apresenta um outro dado alarmante: em dois meses, 40 números juntos passaram 11 mil trotes. Entre estes telefones está um que liga em média 28 vezes para a Polícia Militar diariamente. “Estou encaminhando ao secretário de Segurança Pública a relação com esses números para que ele designe um delegado para investigar. Isso não pode ficar impune”, destaca.

A Polícia Militar explica que não existe um perfil determinado das pessoas que passam trote, variam de criança, passando por jovens e até adultos. O major Benevides cita um caso recente de uma criança que ligou várias vezes no mesmo dia e, para conseguir falar com um responsável por ela, um policial retornou a ligação, afirmou que o número tinha sido sorteado com um prêmio e que ele precisava entrar em contato com um adulto. Com isso, a criança passou o número da mãe, a polícia entrou em contato e contou a situação.

A Paraíba tem pelo menos três leis elaboradas com o objetivo de reduzir a incidência de trotes telefônicos, não só para a polícia, mas também para outros órgãos de segurança. Elas estabelecem punições contra os infratores e a realização de campanha educativa sobre a gravidade de se fazer ligações falsas para órgãos de segurança e também de saúde.

Sancionada em dezembro de 2011, a Lei 9.544 institui a aplicação de multas contra o proprietário de linhas telefônicas das quais sejam originadas as ligações falsas para a Polícia Militar, Corpo de Bombeiros, Defesa Civil e Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). De acordo com o texto, a norma estabelece que os órgãos devem encaminhar às operadoras telefônicas um relatório com os números de onde partiram os trotes e as empresas, por sua vez, devem informar os nomes dos donos dos telefones. A multa prevista é de R$ 100 por cada trote realizado, duplicando-se o valor em caso de reincidência.

A Lei 9.544 é similar à 9.002, de autoria do deputado Ivaldo Moraes (PMDB) sancionada em 2009. A diferença é que esta última estabelece que o dinheiro do pagamento das multas (50 Ufir's por trote) deve ser revertido para a modernização tecnológica das unidades operacionais dos órgãos vítimas das ligações telefônicas falsas.

Já a Lei 9.376 obriga as escolas da rede pública estadual a implementar campanha educativa contra  os trotes. A lei estabelece que a Secretaria de Educação é responsável pela iniciativa.

O major Marcos Benevides defende as campanhas educativas como solução contra os trotes.
Só que, diferente das leis, o comandante do Ciop acha que essa iniciativa deve acontecer em meios de comunicação. “Vamos buscar fazer uma campanha para conscientizar a população. Esse é o primeiro passo. O segundo passo é identificar as pessoas que passam trotes. Precisamos acabar com essa prática, pois cada dia aumenta o número desse tipo de ligação”.
 
Com G1

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