Paraíba é 4º em assassinato de mulheres no NE

 
A Paraíba é quarto Estado da Região Nordeste com maior incidência de morte violenta contra mulheres, com a média de 6,99 mortes a cada 100 mil pessoas do sexo feminino, superando os índices nacional (5,82) e regional (6,90) de casos de homicídios contra mulher.

Os dados fazem referência ao período entre 2009 e 2011, contidos no estudo ‘Violência contra a mulher: feminicídios no Brasil - dados corrigidos sobre taxas de feminicídios e perfil das mortes de mulheres por violência no Brasil e nos Estados’, divulgado na manhã de ontem pelo Instituto de Pesquisa e Economia Aplicada (Ipea).

Com relação aos Estados brasileiros, o estudo aponta a Paraíba em 8º lugar entre os mais violentos para mulheres, ficando atrás apenas do Espírito Santo (11,24), Bahia (9,08), Alagoas (8,84), Roraima (8,51), Pernambuco (7,81), Goiás (7,57) e Rondônia (7,42).

O estudo concluiu que “a magnitude dos feminicídios foi elevada em todas as regiões e unidades da federação no país e que o perfil dos óbitos é, em grande parte, compatível com situações relacionadas à violência doméstica e familiar contra a mulher”, onde esses crimes são geralmente cometidos por homens, principalmente parceiros ou ex-parceiros.

E ressalta ainda que “essa situação é preocupante, uma vez que os feminicídios são eventos completamente evitáveis, que abreviam as vidas de muitas mulheres jovens, causando perdas inestimáveis, além de consequências potencialmente adversas para as crianças, para as famílias e para a sociedade”.

Um caso de repercussão no Estado que reforça o estudo foi o da professora do curso de Arquivologia da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) Briggida Rosely de Azevedo Lourenço, de 27 anos. Ela foi encontrada morta no dia 19 de junho do ano passado, dentro do próprio apartamento, em João Pessoa, com sinais de estrangulamento. Para a polícia, o único suspeito de ter cometido o crime é o ex-marido da vítima, Gilberto Lyra Stucker, porque estaria inconformado com o fim do relacionamento. Gilberto chegou a ligar para a mãe da professora pedindo que chamasse o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), pois havia “feito uma besteira”.

OUTRAS VIOLÊNCIAS
O documento do Ipea investigou apenas os óbitos, mas destacou que “a violência contra a mulher compreende uma ampla gama de atos, desde a agressão verbal e outras formas de abuso emocional, até a violência física ou sexual” e que existe um lado submerso que “esconde um mundo de violências não declaradas, especialmente a violência rotineira contra mulheres no espaço do lar”.

MEDO AINDA IMPEDE DENÚNCIAS
A integrante do Centro da Mulher 8 de Março, Organização Não Governamental (ONG) que luta em defesa da violência contra mulher, Maria Lúcia, observou que os dados revelam o medo que as mulheres ainda sentem no que se refere em denunciar o seu agressor.

“O machismo e a violência têm crescido assustadoramente, cujo fator principal é a impunidade dos agressores. Se eles continuam sem punição acaba colaborando, cada vez mais, para que a violência contra mulher seja considerada algo natural. Então, é preciso pensar em políticas públicas que visem a coibir esse ato, de modo que todos caminhem juntos, inclusive as mulheres, que precisam ter coragem de denunciar os seus agressores, para que se possa alcançar um resultado positivo”, avaliou.

SEDS
A Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social (Seds) informou, através da assessoria de comunicação, que a Paraíba registrou uma redução de 15% no número de mulheres assassinadas entre os meses de janeiro a agosto deste ano,  quando 86 mulheres foram assassinadas, em comparação ao mesmo período de 2012, que registrou 101 Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLI) – homicídios dolosos ou qualquer outro crime doloso que resulte em morte. Os dados são do Núcleo de Análise Criminal e Estatística (Nace).

Ainda segundo o núcleo, até o fim de agosto de 2013, 190 municípios paraibanos não registraram homicídios de mulheres e João Pessoa continua concentrando a maioria dos casos de CVLI de mulheres, com 28 homicídios neste ano, seis a menos no mesmo período de 2012.

Ao finalizar, a Seds informou que queixas relacionadas especificamente à violência contra mulheres podem ser apresentadas diretamente em uma das nove delegacias especializadas distribuídas em todo o Estado, instaladas nas cidade de João Pessoa, Cabedelo, Bayeux, Santa Rita, Campina Grande, Guarabira, Patos, Sousa e Cajazeiras.

UNIDADES MÓVEIS
Representantes da Rede Estadual de Atenção às Mulheres Vítimas de Violência discutiram, ontem, no auditório do Ministério Público, em João Pessoa, a agenda de funcionamento das unidades móveis (delegacias) em áreas da zona rural da Paraíba para atendimento de mulheres trabalhadoras do campo.
Segundo a secretária da Mulher e da Diversidade Humana, Gilberta Soares, a partir de novembro as duas unidades móveis já estarão circulando pelo interior do Estado.
As unidades foram entregues pela Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República (SPM-PR). Na reunião também foi discutido o processo para dar agilidade na emissão dos laudos de mulheres vítimas de violência atendidas pela rede de saúde.

Com Jaine Alves do JP

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